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No Domingo de Páscoa

No Domingo de Páscoa

terça-feira, 28 de outubro de 2014

"Para Dilma vencer, o povo foi levado a crer que precisava de alguém que lhes desse o que era - sempre foi - direito de cada brasileiro"

Por Reynaldo-BH
Existem derrotas que são maiores que as vitórias. Hoje, 27 de outubro de 2014, é dia de celebrar uma destas.
Poucos - muito poucos - param para tentar entender o que seja DEMOCRACIA. Virou palavra vulgar, geralmente dita por ditadores ou por quem não tem respeito pelo conceito.
Democracia envolve o respeito ao Estado de Direito. Quem se importa em definir o que seja a raiz da cidadania (outro termo que está em desuso) e a sua importância?
Dilma Rousseff está eleita. E eu, como democrata, me curvo a esta vontade popular. Pouco importa se os votos que obteve vieram de Minas, do Nordeste ou de onde for. Ela foi eleita por brasileiros.
Tenho ódio pelo resultado ou por ela? Sinceramente, não. “Ódio é um copo de veneno que você toma e se espera que o outro morra”.
Tenho medo? De novo, não. Já tenho idade para saber sobreviver. Sobrevivi a tempos em que a inflação era de 1.000% e que meu salário acabava uma semana após recebê-lo. Já visitei meu pai preso em um navio e em uma cidade - a última do Brasil - na fronteira com o Paraguai. Já vivi o exílio e a dor de perder parentes que ainda hoje estão desaparecidos. Já apostei na mudança que sonhava com o partido que hoje é um ajuntamento de bandidos, que serão - quem viver verá - presos nos próximos anos.
Qual o sentimento então? O da frustração. Como um Brasil goleado no Mineirão. Sempre acreditei que não foi o “time do Felipão” que foi goleada. Era previsível que a Seleção seria goleada. Se não fosse pela Alemanha, seria pela Holanda ou Argentina. Mas o ufanismo estéril vencia a cada jogo.
Não me julgava - nem julgo - senhor ou dono das verdades. Mas, as “verdades” de Dilma eram só delas. Acreditou-se que só ela - como uma salvadora caudilhesca - seria capaz de manter o mínimo de conquistas sociais. Que eram benesses.
O povo foi levado a crer que precisava de alguém que lhes desse o que era - sempre foi - direito de cada brasileiro. O mesmo povo que foi às ruas por R$ 0,20 no ano passado, voltou a adormecer e a acreditar mais em um partido que em si mesmo.
Esqueceu o passado. Não se lembrou de que tiramos do poder um presidente eleito, a pontapés.
Que derrubamos, nas ruas, uma ditadura.
Que exigimos que o Ministério Público não fosse amordaçado.
Que uma lei Maria da Penha existisse.
Que homofobia fosse crime.
Que os Estados e municípios gastassem somente o que arrecadassem e que no último ano de governo (prática normal desde sempre, até então) deixassem a conta para quem os sucederia (a Lei de Responsabilidade Fiscal, tão combatida - à época, pelo PT), que passamos um ano calculando quando valia uma URV (Unidade de Referência criada como estágio para a implantação definitiva do Real), que as greves não fossem criminalizadas, que as Forças Armadas fossem proibidas de se manifestarem politicamente (com a Constituição de 1988, que o PT assinou com RESSALVAS por escrito), que o primeiro embrião do Bolsa Família existente foi criado ao mesmo tempo pelo então governador do DF, Cristovão Buarque, e pelo falecido prefeito tucano de Campinas (SP), José Roberto Magalhães Teixeira, e pagava às famílias que mantinham filhos estudando, que o Vale Transporte fosse criado com a oposição dos donos e empresas de ônibus, que Bolsa Alimentação criasse a até hoje existente cesta básica etc.
Quando Lula ganhou a eleição (a primeira), a inflação disparou de 5,6% para 12,%. O receio era que o que o PT havia prometido (congelamento de preços, fim do real recém-implantado, calote na dívida INTERNA, idem na externa etc - que constavam do programa oficial) viesse a ser implantado.
FHC chamou os empresários e AFIRMOU que Lula JAMAIS faria nada daquilo. E pediu a Lula que ASSINASSE uma “CARTA AO POVO BRASILEIRO” onde se comprometia com as conquistas até então alcançadas.
A FIANÇA de FHC fez parar de subir a inflação - que ele, hoje, é acusado de ter aumentado. Em uma época que se comprava um apartamento por mil alguma coisa (cruzeiro, cruzados etc), NUNCA se sabia o valor da prestação ao fim do mês! E era comum DEVOLVER o bem comprado, pois após pagar uns 2.000 qualquer coisa, ainda - pela inflação - se devia outros 10.000!
Assim, não tenho ÓDIO nem MEDO. Eu já vivi. O que me DÓI - e sim, dói muito - foi e continuará a ser, a escolha pela ignorância. A falta de rebeldia. A preguiça em ler. O desprezo pela própria capacidade de avaliação. Dos jovens! Seria uma OFENSA a todos eles acreditar que uma leitura pudesse influenciar quem tem TODA uma vida pela frente. Que são sim - os jovens são NA essência mais puros e honestos! - o que se acostumou a dar o nome de futuro.
NADA do que se lia era levado em consideração, nunca como verdade, mas ao menos como instigação a se buscar a verdade.
A defesa do indefensável era (e é) pavorosa.
Se há um Pronatec, Prouni e Bolsa Família, são CONQUISTAS que DEVERIAM SER LEI.
Não são. SÃO DIREITOS que cabem NUNCA como dádiva, mas como reparação. As cotas raciais são somente uma PEQUENA parte da injustiça histórica de um país que foi um dos últimos a abolir a escravatura. A lei Maria da Penha, a respostas a um país em que matar mulheres (em nome abjeto da dita “honra”) foi por muito tempo, um crime impune. NADA NOS FOI DADO! TUDO CONQUISTADO!
Não é a “minha Bolsa” como Dilma afirmava! Nem pouco me importa se TODOS estes programas já existiam criados pelos TUCANOS.
O que eu EXIJO? Que no Pronatec, os cursos deixem de ser de “Lapidação de Pedras Preciosas” em pleno Piauí ou “Criação de Caprinos” no Rio de Janeiro! Que seja REGIONALIZADO para que os formandos sejam aproveitados. Que não sejam somente números em cursos de formação(?) de 160 horas! Que o PROUNI tenha a GARANTIA IMEDIATA de ao menos um estágio após a formatura! Que sejam financiados por EMPRESAS, que aproveitem a força humana formada!
Que o Bolsa-Família PARE de crescer, pois é sintoma (o crescimento) que a miséria CONTINUA AUMENTANDO: que se dê uma porta de saída! Mesmo com empregos temporários no estado!
Que a lei Maria da Penha seja considerada INAFIANÇÁVEL! Que os cotistas não tenham nomes e condições divulgados, para que não sejam “universitários” de segunda classe! Que seja definido em LEI que pagar MENOS a uma mulher nos mesmos cargos exercidos por homens, impliquem em MULTAS TRABALHISTAS.
Que os presídios sejam MINIMAMENTE humanizados, com SOMENTE higiene e garantia de não domínio por facções. Que haja um a tempo maior de INTERNAÇÂO COM VISTAS À RECUPERAÇÃO de menores infratores, entre 16 e 18 anos, e que após isto, seja deletada as anotações em fichas criminais.
Estes meus sonhos serão DADOS por salvadores de plantão? Aprendi com a vida que NÃO! A classe dominante - das quais fazem parte a imensa maioria dos petistas que recebem sem trabalhar - conseguem pagar empresas de vigilância que pululam por aí e estão isentos da aplicabilidade das leis. E - o mais importante, mostrado e demonstrado por TODOS e defendidos por MUITOS - que haja PUNIÇÃO a este nível DESENFREADO de corrupção como NUNCA vi e vivi em minha vida.
Não se trata somente do mensalão. São sentenças compradas. São juízes afastados de suas varas por suspeição. São promotores que - em nome de suas (deles) preferências ideológicas, abandonam o CPP e assumem o poder que a Constituição houve por bem lhes outorgar. É a PETROBRAS, onde NUNCA consegui apresentar um projeto, exceto se fosse apresentado por algum apadrinhado. Desisti.
O DNIT, que contratado para cobrir estradas com 4 cm de asfalto, o faz com 1 cm! E matam vidas aos montes! São ambulâncias sem macas. Postos sem médicos. Escolas inauguradas hoje e sem professores amanhã. São bilhões na PETROBRAS! Que as obras anunciadas sejam mais que placas de propaganda! São mulheres que pagam para vizinhas tomar conta dos filhos, para poderem trabalhar, por falta de creches.
São usuários de Bolsa Família que são filhos de vereadores de cidades pequenas. São “sorteados” para as casas do Bolsa Família, que por coincidência são funcionários de prefeituras. São políticos ligados ao PCC. São assassinatos não esclarecidos - como Celso Daniel - que obrigou a família a morar por 6 anos fora do Brasil. São ignorantes funcionais que são gerentes de cargos com salário mínimo de R$ 20 mil reais.
Não tenho ódio, medo ou gosto amargo de derrota.
O gosto que sinto hoje é de desesperança. De haver proposto o mínimo: conheçam a história! ANALISEM! E não acreditem que foram ELES que nos deram temos de bom. E sim, temos! FOMOS NÓS que conseguimos.
Não somos um povo pedinte. NENHUMA de nossas vitórias foi dada. Se assim fosse, ainda viveríamos como em Cuba (50 anos de ditadura) sob as botas dos gorilas ou sob o descaramento de Collor, que hoje ainda manda e desmanda, mas muito menos.
Só tentei que a GERAÇÃO de minha filha valorizasse mais a si mesma. Falhei!
Mas, não desisto. 2015 será o início (e este resto de 2014 já mostrará o monstro) um ano tão difícil como foram os anos da era Collor. Enquanto não se entender que o país que não conhece a própria história está fadado a repetir os erros do passado, seremos TODOS eternos pedintes de benesses oficiais! E não donos de DIREITOS que temos como cidadãos!
Não tenho ódio ou tristeza. Neste país de “nós X eles”, sinto-me fortalecido. Continuamos na luta! E agora com uma oposição que faz jus ao seu papel histórico.

Fonte: "Coluna do Ricardo Setti"

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