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No Domingo de Páscoa

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Consciência negra

Artigo escrito por Ateneia Feijó, publicado no "Blog do Noblat":
Africanos negros e mestiços, convertidos ao islamismo e falando árabe, invadiram a Península Ibérica. Calma, isso aconteceu no século VIII. Esses invasores foram os mouros. Eles colonizaram os portugueses e os espanhóis durante longo tempo, centenas de anos. Época em que a África, a Ásia e o Mundo Árabe estavam muito mais avançados em conhecimentos técnicos e científicos do que a Europa. Portanto, a dominação moura pode ter impulsionado os portugueses a se tornarem os grandes navegadores daquele período. Dominados e dominadores, inversão de posições, miscigenação... Bem, quando Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, em 1488, Portugal já mantinha intercâmbios culturais e comerciais com a África: rica em diversidades étnicas, civilizações, cidades, reinos, estados e impérios.
Para que falar disso? Para lembrar que o continente africano hoje tem mais de 50 países e sua costa continua banhada pelo mar Mediterrâneo e por dois oceanos: o Atlântico e o Índico. E quem não sabe? A maioria dos brasileiros; que parece imaginar a África um lugar selvagem, distante e miserável, de onde vieram os escravos. Só. Pior, há quem associe escravidão apenas à cor de peles mais escuras. Ignora que antigamente povos louros de olhos azuis e de quaisquer etnias também eram escravizados. Bastava que fossem vencidos em batalhas, aprisionados, mercantilizados ou traficados. E havia os serviçais pelo regime de castas, as mulheres servas...
Nas civilizações antigas o sistema escravagista era legalmente adotado como uma relação "trabalhista", já que o cativo podia "negociar" sua liberdade. Até porque, naquele tempo, não se conhecia outra forma de desenvolver uma economia de estado; quanto maior a quantidade de trabalhadores cativos, maior a infraestrutura das cidades. Grécia e Roma, por exemplo, tinham grande número de escravos que serviam, entre outras funções, para "cuidar" da classe aristocrática. O mesmo acontecia na África.
E a escravidão no Brasil Colônia? Evidente que os miscigenados portugueses compravam escravos africanos não por desprezá-los. E sim porque precisavam do seu conhecimento para mineração, produção de ferro, agricultura, engenhos de açúcar, manufaturas, tecelagem e construção. Quer dizer, a utilização de tecnologias e o uso de formas produtivas dependiam do tipo de mão-de-obra qualificada (para a época) fornecido por nações africanas.
Estão na Internet alguns artigos do professor Henrique Cunha Júnior, da Universidade Federal do Ceará, um dos fundadores da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. Ele evidencia a necessidade urgente dos brasileiros conhecerem a história da África para entenderem a própria história econômica, política e cultural do Brasil a partir de 1500. Caso contrário, acredita, se constrói uma história parcial, distorcida e promotora de racismos.
As crueldades, torturas praticadas durante a escravidão e o tráfico negreiro no passado de nosso país são uma outra conversa. A desastrosa política brasileira pós-abolição, também.

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